"A proprietária da ambulância é a transportadora Cristal Vida"
Responsável da ACLA diz que vendeu o veículo e que este está pago
O secretário da assembleia da Associação Cultural Lugares Amigos (ACLA), Manuel Henriques Neves, até há pouco, presidente da instituição, nega ter qualquer responsabilidade pela ambulância envolvida no acidente com o comboio, ocorrido na passada terça-feira, e do qual resultaram quatro vítimas mortais, entre elas a condutora. Esta era actualmente a presidente da associação.
Segundo Manuel Neves, o veículo pertence a uma empresa de transporte de doentes, a Cristal Vida, e garante que tem documentos que provam a transferência de propriedade. Mas declara, igualmente, que o veículo se encontra legalizado, tem seguro e estava adaptado para transporte de doentes. Afirma ainda que esta empresa, com a qual estabeleceu uma pareceria, "merece toda a sua confiança, porque pertence a um grupo empresarial de grande prestígio na área da saúde e que tem muitas ambulâncias ao seu serviço".
A transferência de propriedade foi realizada, segundo o mesmo dirigente da ACLA, no dia 1 de Fevereiro de 2008, como comprova o documento de compra e venda que afirma ter na sua posse. Declara também que o veículo foi pago pela empresa em leasing e que esse documento da financiadora ainda não chegou. Só por isso é que o "documento único da ambulância se encontra em nome da ACLA". No que toca ao seguro, reforça que este "data de Agosto de 2007 e foi pago pela Cristal Vida; tenho a certeza".
O documento que estabelece a parceria entre as duas entidades foi assinado em Agosto de 2007, pelo próprio e pelo empresário da Cristal Vida, mas Manuel Neves recusa identificá-lo. Como garantia deste processo esclarece que no mês anterior houve uma assembleia da ACLA e que tudo isso ficou registado em acta. Nessa altura Manuel Neves era o presidente da associação, mas "como já tinha acumulado mandatos" passou a ser a condutora Sylvie Pedrosa, que foi sua nora. No que toca aos profissionais que estavam ao serviço das ambulâncias esclarece que tinham formação adequada, mas que também neste caso, a responsabilidade havia sido assumida pela referida empresa.
A condutora que morreu estava contratada ao serviço da associação, da qual recebia o ordenado mínimo. Manuel Neves assegura que era uma situação laboral recente, mas que também tem as declarações relativas às prestações que são devidas à Segurança Social. Quanto à outra condutora, afirma que é contratada pela Cristal Vida. Isto porque a parceria incluía a colocação de duas ambulância na Ervedeira, o local onde é a sede da ACLA. "É até, esta profissional, Daniela Bento", ainda segundo Manuel Neves, "que dirige o tráfego das ambulâncias". Explica também que no caso desta ambulância acidentada não era necessário levar dois tripulantes por não havia doentes em maca.
O DN tentou todos os dias, desde a passada terça-feira, contactar os responsáveis da Cristal Vida, mas não obteve resposta. O mesmo aconteceu com os gestores do grupo a que a empresa pertence.